Compositor e cantor, Luiz Tatit é mestre na arte de entrelaçar letras e melodias em canções que encantam pessoas de todas as idades. Com mais de 40 anos de carreira, Tatit foi um dos fundadores do Grupo Rumo, um dos mais criativos representantes da vanguarda paulistana na década de 1970. Suas composições já foram gravadas por Zélia Duncan, Ney Matogrosso, Palavra Cantada, Ná Ozzetti, entre outros.
Paralelamente à carreira artística, Luiz Tatit é professor titular do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador na área da semiótica, desenvolvendo a linha de pesquisa “semiótica da canção”. Autor de diversos livros como O cancionista: composição de canções no Brasil e O século da canção.
Em conversa com a Plataforma do Letramento, Tatit fala da relação entre letra e melodia na canção popular, das inspirações para suas composições e de como os educadores podem explorar as canções de forma lúdica com os alunos. Ouça!
No início deste bate-papo, perguntamos ao professor e compositor Luiz Tatit como o universo da música e das canções pode influenciar no letramento das crianças e dos jovens.
No mundo da canção, incluem-se as cantigas de roda e outras manifestações da tradição oral. Ouça o que o compositor fala sobre o papel dessas canções na formação das crianças e como os educadores podem explorá-las para mediar de forma lúdica o ingresso dos alunos no universo das letras e dos sons.
Agora, o compositor conta um pouco de sua história inicial com a música.
Além de compositor, Luiz Tatit estuda, na Faculdade de Letras da USP, a relação entre letra e melodia na canção popular, com base nas teorias da semiótica (estudo dos símbolos e dos sentidos em diferentes linguagens, como a verbal, a visual, a sonora etc.). Aqui o professor conta como essas duas atuações se alimentam mutuamente.
Tatit comenta agora a relação entre letra e música na construção de sentidos de uma canção. A esse respeito, fala especialmente sobre a revolução musical representada pelo movimento da Bossa Nova.
O Grupo Rumo, do qual nosso entrevistado foi um dos fundadores, inaugurou, na década de 1970, uma nova forma de fazer canção popular: a música falada. Em várias de suas composições, apresenta-se o cotidiano, seja pela linguagem e pela forma de cantar (bem oral, próxima da fala), seja pela temática (trazendo cenas do dia a dia urbano, como em “Ladeira da memória”). Neste trecho, Tatit conta como surgiu esse novo estilo de compor letra e música, quais foram suas influências e um pouco da história desse grupo.
Em algumas canções de Luiz Tatit, percebe-se um trabalho metalinguístico, em que a letra reflete sobre a própria composição, a forma de expressão, a palavra em sua matéria sonora (como em “As sílabas”), o jogo com questões gramaticais (como em “Gramática” e “Terceira pessoa”), a matéria literária (em “Capitu” e “Haicai”).
Neste trecho da conversa, Tatit comenta como essa relação com a língua se torna alimento para suas criações e apresenta suas principais motivações para compor.
Em sua tese de doutoramento, Luiz Tatit desenvolve a teoria que denomina “semiótica da canção”. Nela, o pesquisador estabelece a relação entre palavra e melodia na composição da canção. Neste trecho, o professor explica brevemente os papéis da melodia e da letra nessa trama de sentidos.
O trabalho com a palavra na escola costuma se pautar nos temas, informações, enfim, no conteúdo. Assim, ao trabalhar com um poema, uma canção ou mesmo um texto em prosa, geralmente se observa muito mais o que se diz e menos como se diz. É importante trabalhar também com foco na musicalidade, na entonação, na forma além do conteúdo? Veja o que diz o compositor.